Depois de passar por oito cidades do interior do Paraná desde o segundo semestre de 2024, o projeto ECOH Circulação chegou à sua última parada: Jaguapitã. A cidade recebeu uma programação intensa e delicada, que reuniu histórias, brincadeiras, encontros entre gerações e, desta vez, também um adeus.
Na véspera do encerramento oficial do projeto, no dia 30 de abril, nos despedimos da jornalista e pesquisadora Claudia Silva, idealizadora do Encontro de Contadores de Histórias de Londrina — ECOH. Claudia partiu aos 54 anos, após uma longa e corajosa batalha contra o câncer. Deixou um legado incomparável na cena cultural do Paraná e do Brasil, transformando Londrina em referência na arte da escuta e da palavra compartilhada.
Diante da perda, a equipe do Coletivo ECOH tomou uma decisão conjunta: manter a programação prevista em Jaguapitã, como forma de honrar a memória da Claudia. No feriado de 1º de maio, enquanto familiares e amigos se despediam dela em Londrina, a Praça da Igreja Matriz se enchia de vida, histórias e crianças — como ela gostaria. O riso, a roda e a leitura seguiram como um tributo.
Durante os dois dias anteriores, mais de mil crianças participaram de sessões de contação de histórias em escolas da rede municipal e na APAE. Narrativas sobre empatia, autoestima, ancestralidade e diversidade ganharam forma com artistas como a Palhaça Adelaide, Edna Aguiar, Danilo Furlan e Patrícia Maia — que também ofereceu a oficina online “Recursos na Contação de Histórias” aos educadores da cidade.
A tarde do dia 1º foi dedicada à memória, à infância e à celebração da cultura viva: espetáculos, estações de leitura, atividades ambientais, mini contações e brincadeiras populares ocuparam a praça com beleza e sentido.
Desde sua criação, o ECOH Circulação tem como missão levar arte e escuta a lugares aonde elas raramente chegam. Em sua segunda edição, percorreu nove cidades com menos de 20 mil habitantes — Alvorada do Sul, Florestópolis, Prado Ferreira, São Sebastião da Amoreira, Sertanópolis, Tamarana, Uraí, Califórnia e, por fim, Jaguapitã — criando experiências poéticas, intergeracionais e transformadoras.
“Esse projeto nasceu do desejo de levar a literatura e a narrativa oral às pequenas cidades, resgatando o espaço público como lugar da arte e do convívio. Encerramos esta edição com o coração cheio. Criamos encontros verdadeiros com crianças, educadores e famílias. Levar arte de forma gratuita a quem tem pouco acesso é, também, um ato de afeto e cidadania”, afirma Pi Aranha, produtor do ECOH.
O ECOH Circulação é uma realização do Coletivo ECOH, com patrocínio da Copel, por meio do Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (PROFICE), da Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.
Seguimos contando histórias. Seguimos por ela, por todos nós.