Ecoh

As histórias no desenvolvimento da criança pequena

A Circulação do ECOH traz hoje, às 19h30, no Youtube do ECOH, a mesa virtual de debates “Histórias e brincadeiras com os pequeninos”. Com mediação da produtora do ECOH, Gracieli Maccari, a docente do departamento de Educação da UEL, Cassiana Magalhães, a professora da Educação Infantil Carolina Matos e os atores Marlon Chucruts (Cia Malas Portam) e Leticia Lisenfield conversam sobre a importância destas atividades para o desenvolvimento de crianças de 0 a 3 anos.

No bate-papo, serão levantadas questões como: de que forma as histórias e as brincadeiras contribuem para a construção do vínculo do artista, do educador, da família com a criança; diferenças das linguagens que cada debatedor utiliza na contação de histórias e nas brincadeiras com crianças pequenas e crianças maiores. Trazemos aqui uma palhinha do que vai rolar nesta mesa virtual de debates.

Letícia Lisenfield é atriz e desde 2010 participa de projetos de teatro coreográfico para a primeiríssima infância e de conversas sobre a literatura para bebês.  Ela também é professora convidada nos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu O Livro para a Infância, Gestos de Escrita

“Narrar histórias para crianças e adultos é uma espécie de convite a uma abertura de percepção e a uma viagem de pensamento de imaginário. A minha abordagem como artista sobre o papel da história no desenvolvimento da criança, é uma percepção direta de como a criança é ativada a partir desse convite que antes de tudo é um convite para o jogo. O Era uma vez é um enquadramento que propõe o jogo, que amplia as relações da criança com o entorno e com o imaginário dela. Ela se coloca naquele lugar para brincar daquilo que a história propõe. Essa é uma experimentação extremamente importante para como ela vai se relacionar com outras crianças, com as suas descobertas, com os medos, com os aprendizados, com as emoções. É uma grande abertura para o mundo e para processar essas experiências.”

“O trabalho para a primeira infância é um super desafio e por isso me instiga tanto. O caminho para chegar em bebês, mais do que em crianças a partir de 5, 6 anos, é o corpo. Nesta faixa etária (6 meses a 3 anos), eles são muito ricos em micro percepções. O que vai fazer com que eles se concentrem na sua ação (contar histórias, amassar um papel, o que for) é você estar inteiro no que está fazendo para ele. A sua atenção é um convite para a atenção do bebê. Não tem como dar o truque, fazer que estar contando uma história e ao mesmo tempo estar no celular. O bebê tem essa percepção incrível do seu corpo que passa num direto para o corpo dele. Então, a magia de trazer o bebê para perto é um trabalho sobre si mesmo, de você estar o mais inteiro no que está fazendo.”

Carolina Matos é professora da Educação Infantil em Londrina (PR) desde 2003.

“Na minha experiencia com crianças de 0 a 5 anos, as histórias permeiam o nosso cotidiano. Tanto contando histórias para elas, quanto escutando as histórias que elas contam sobre os fatos que acontecem com elas, histórias que criam e histórias que recontam. Isso é extremamente importante no trabalho de comunicar a história humana, para a expressão corporal e verbal, para o processo de escuta e fala, para que criem paixão pela leitura, algo urgente no nosso país.”

“Me preocupa um pouco, hoje, esta ideia de ouvir uma história para aprender algo, para produzir algo, para saber qual o seu sentimento. A história não é um fim, ela é em si. Uma das experiências que mostram isso ocorreu com uma turma minha de 4, 5 anos que quis estudar sobre o unicórnio. Começamos estudando a etimologia da palavra e fomos pesquisando até chegar na mitologia grega. Claro que recontei estas histórias de acordo com a idade deles. Marcamos uma viagem para a Grécia, fizemos um avião de papelão para irmos para lá onde conhecemos as histórias do Minotauro, do Pégasus, da Medusa. Eles gostaram tanto que quiseram recontar para os familiares. Foram meses neste processo.”

“No berçário têm experiências com histórias mudando a harmonia do ambiente. Entre os bebês é normal que um choro puxe outro choro. Um começa a chorar por algum incômodo e os outros embarcam no choro dele. Não temos braços e pernas para acolher todos de uma vez. Com o tempo, percebi que quando eu começava a contar uma história, eles paravam o choro (com exceção do primeiro que começou a chorar por um motivo) para ouvir a história. Claro que nem sempre funciona.”

OS PARTICIPANTES

Leticia Liesenfeld – Atriz e contadora de histórias, mestre em Comunicação e Artes pela Universidade Nova de Lisboa, licenciada em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa (ESTC) e Bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Atua desde 1997 em produções de teatro e dança e, desde 2003, como contadora de histórias no Brasil, Portugal e Alemanha. Desde 2010 participa de projetos de teatro coreográfico para a primeiríssima infância e de conversas sobre a literatura para bebês. Professora convidada nos cursos de Pós-Graduação Lato Sensu O Livro para a Infância, Gestos de Escrita e professora e coordenadora ao lado de Giuliano Tierno de Siqueira na Pós-graduação Narração Artística: caminhos para contar histórias em contexto urbano, cursos vinculados à Faculdade de Conchas (FACONNET), realizados no polo A Casa Tombada, em São Paulo, e atualmente (desde 2020) pela Casa Nuvem, em versão online. Ministra cursos ligados aos temas: narração oral e literária, corpo e comunicação. Coloca em diálogo o contar histórias e o dizer literário com os territórios da dança e do teatro. Pesquisa sobre o íntimo na comunicação.  

Marlon Chucruts – Pós-graduado na arte de contar de histórias, pedagogo, diretor cênico, ator, brincante e autor dos livros: “99 brincadeiras cantadas” pela SESI SP – Editora, (adotado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo em 2019 e 2021) e “Meu amigo ET” (Unipalmares). A sua pesquisa abrange brincadeiras, canções, linguagens artísticas, educação e contação de histórias. Já percorreu a Rota dos Contos de fadas na Alemanha, intensificando sua pesquisa sobre os contos dos irmãos Grimm. Em 2007 se apaixona pela arte de contar história e cria a Cia. Malas Portam com quem se apresentou em nove estados brasileiros e representou o Brasil em treze festivais internacionais de contação de histórias nesses países: Argentina, Cuba, Colômbia, Venezuela, Guatemala, Peru e México.  

Cassiana Magalhães – Pós doutora em Educação pela Universidade de Évora – Portugal. Doutora em Educação pela Unesp de Marília e Mestre em Educação pela UEL. Docente do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina e do Programa de Pós graduação em Educação da UEL. Líder do grupo de pesquisa: Travessias Luso-brasileiro na educação da infância/CNPq

Carolina Matos – Professora de Educação Infantil desde 2003. Curiosa das infâncias, das artes, das histórias pessoais e coletivas e dos encontros entre elas.

Gracieli Maccari – Tem formação em Artes Cênicas e Licenciatura em Arte. Atua como professora de Educação Infantil, produtora cultural e brincante desde 2004. Traz na bagagem o Teatro para Bebês, as histórias que já ouviu e contou na vida, e a paixão pelas brincadeiras de rua e pela cultura popular. É produtora do ECOH.

Apoio: Copel Projeto aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura | Governo do Estado do Paraná

Texto: Erika Pelegrino // Arte: Fernando Ito