Ecoh

1º Encontro de Contadores de Histórias de Londrina, de 22 a 30 de outubro de 2011.

O homem é um ser narrativo

Somos todos narradores de histórias, de nossas vidas, da vida de outras pessoas, de coisas que ouvimos falar. Mas há alguns contadores que conhecem formas especiais de encantar a plateia. 

O objetivo deste encontro é reunir estas pessoas que, espalhadas pelo Brasil, conhecem variadas histórias e inventam modos diferentes de contá-las. E que possam falar de suas formas de narrar, trocar experiências e técnicas desta arte com os contadores de Londrina, para que esta prática cresça e se multiplique.

Mas o encontro não é feito apenas para profissionais. Vamos contar histórias em diversos pontos da cidade, incluindo escolas, praças, creches, bibliotecas, teatro. Nossa intenção é preencher a cidade com o encantamento de uma boa história. Você é nosso convidado especial.

Estamos começando a escrever a nossa história. Você quer contar a sua?

Esse texto, escrito por Claudia Silva, com colaboração de Rovilson José da Silva, está no primeiro caderno de programação do Encontro de Contadores de Histórias. Pequenino como a gente. Bonitinho, na melhor acepção da palavra. O caderninho dá várias pistas do começo dessa história. Muito do que somos hoje já está ali, como a proposta de se espalhar pela cidade, uma das características do evento até hoje.

O entendimento da importância das histórias em nossas vidas já estava ali, junto com a vontade de narrá-las, de ser protagonista da construção da própria história.  Mas o mais bonito talvez seja o fato de ali começar uma longa trajetória de aprendizados com as histórias. E o convite para a partilha, o pertencimento. 

Por isso, consideramos esse texto a melhor forma de começarmos a contar nossa história. 

Se prepare para texto longo. Afinal, já temos uma história razoável. São 10 anos!!

O Começo

A pré-história do ECOH, que só vira ECOH na 2ª edição, começa a partir de uma conversa entre Rovilson, à época diretor da Biblioteca Pública Municipal, atuando na Secretaria de Cultura, e Regina Reis, funcionária da Secretaria de Cultura. Eles fazem várias tentativas de concretizar a ideia pela Secretaria de Cultura, chegam a contatar contadores de histórias, mas, infelizmente não foi possível.

Então, decidem fazer pelo PROMIC, em 2011, e a produtora cultural e jornalista Claudia Silva, entra na história. O projeto é aprovado, e Claudia desenvolve o 1º Encontro de Contadores de Histórias de Londrina, entre 22 e 30 de outubro de 2011. Ela até hoje está à frente do Encontro.

Parceiras/os de um início promissor

Se por um lado, não tínhamos consciência de que éramos parte de um fenômeno mundial de redescoberta do conto, iniciado na França em 68, e que se intensifica no Brasil nos anos 80, já sabíamos fazer boas perguntas.

Algumas presenças logo no primeiro Encontro são prova disso: Regina Machado, Kiara Terra, Edna Aguiar e sua Risoflora, Palhaços Arnica e Malagueta, Pati & Companhia, Tião Balalão Cabeça de Melão, Dani Fioruci, Rafael Rosa, Fátima Café,  Roberto de Freitas, Edgar de Abreu, a psicóloga Eliana Louvison, com seu livro “ Contaoutravez – Histórias Infantis para a Formação de Crianças”. 

Um quintal para nossas histórias

Uma parceria que esteve conosco desde o início e que traz lembranças incríveis era a do Restaurante Dona Menina, em sua casa de peroba, responsável pela alimentação de toda a equipe e artistas. Aquele fundo de quintal era a nossa cara/casa. Os artistas de fora adoravam! 

Enquanto o Dona Menina esteve aberto, foi quintal do ECOH.

Mestras

Com Regina Machado começamos um longo aprendizado, com suas histórias, palestras, livros, com  o Boca do Céu – evento que ela dirige em São Paulo e que é alimento para contadores de histórias de todo o Brasil. Realizado a cada dois anos, é parte importante da formação da equipe que faz o ECOH. 

Kiara Terra está com a gente até hoje e sempre tem algo a acrescentar. No 9º ECOH, em março de 2020, por exemplo, fez uma oficina muito importante para os professores do Projeto Palavras Andantes, criado por Rovilson, quando ele esteve na Secretaria Municipal de Educação.

Ela esteve com a gente esse ano na Casa do Jornalista, momento em que estreamos uma parceria com o Sindicato dos Jornalistas, para que o local seja a sede do ECOH. Kiara também teve um papel muito importante no  ECOH, quando apoiamos o  Movimento dos Artistas de Rua de Londrina (MARL), que tinha recém ocupado o que viria a ser o Canto do MARL, um dos espaços mais interessantes da cidade.

Inspiradores

Dani Fioruci, na época companheira de vida e parceira de trabalho do Fernando Brito de Góes, o Ferna. Os dois souberam que a Claudia Silva estava fazendo um projeto para um encontro de contadores de histórias e propuseram o trabalho em conjunto. Dani está com a Claudia à frente do E Encontro até hoje, e o Ferna trabalhou com a gente até a quarta edição, quando se mudou de Londrina. Brincantes e conhecedores da cultura popular, tiveram um papel importante no desenvolvimento do Encontro de Contadores de Histórias de Londrina. 

Na nossa primeira edição, fizemos em parceria uma edição do Biblioteca Viva itinerante, um lindo projeto que eles já desenvolviam há alguns anos em Londrina. O Biblioteca Viva itinerante inspirou as hoje tradicionais Ruas de Brincadeiras e Histórias do ECOH, realizadas todos os anos em praças da periferia da cidade. De certa forma, influenciou também o evento que fazemos através do projeto de Circulação do ECOH, realizado desde 2019 em cidades pequenas do interior do Paraná.

Rafael Rosa se apresentava junto com o Fio da Meada, formado por ele, Dodô Bertone e Gui Pimentel. Hoje ele faz parte da equipe de brincantes do ECOH Circulação e da nossa equipe técnica.

Estava conosco também o Tião Balalão Cabeça de Melão, o saudoso Sebastiao Narciso, escritor de literatura infantil, ator, portador de deficiência visual. Suas histórias abordam as diferenças e potencialidades, enfatizando nossa capacidade de superação. 

Outra lembrança boa! A psicóloga Eliana Louvison esteve no 1º Encontro com seu livro “Conteoutravez – Histórias Infantis para a Formação de Crianças”, que relata sua experiência em duas creches de Londrina com contação e repetição de histórias. Uma fala que nos mostrou que a imaginação e a criatividade são antídotos para nos proteger de doenças mentais.

Fotos: Valéria Felix