Ecoh

4º ECOH - Encontro de Contadores de Histórias de Londrina - 5 a 18 de agosto de 2014

Seguimos firmes nosso propósito de trazer um pouco de cada cultura nos nossos encontros. Nesta edição, a cultura indígena esteve presente por meio do artista gráfico Bernardo Faria, da jornalista e escritora Ângela Pappiani e da contadora de histórias Cristiana Ceschi.

A arte belíssima do 4º ECOH, elaborada por Bernardo, traz a cobra grande, símbolo de proteção em várias culturas indígenas.  Ângela Pappiani nos trouxe as “Histórias da Tradição Indígena.” E, pela primeira vez, fizemos um encontro em volta do fogo para ouvir histórias, conversar e refletir sobre a forma como vivemos nas cidades, o modo de vida dos povos indígenas e a importância das histórias para todos nós. 

Cristiana Ceschi foi quem contou as histórias dos povos Karajá e Xavante, parte do projeto ” Histórias da Tradição”, que reúnem um pouco do importante patrimônio cultural de dois dos povos originários do Brasil. 

A cultura afro marcou presença com a Cia. Boi Voador e outros grupos que contaram histórias de origem afro, e com a querida Elena Andrei falando sobre “Histórias Afro na Educação” para os alunos de Biblioteconomia da Professora Sueli Bortolin, da UEL. Vale dizer que Elena e Sueli são duas professoras da UEL que nos apoiaram em muitos momentos da nossa história. Sempre estiveram presentes e disponíveis quando precisamos. 

E o brincar vem para ficar!

A presença de Lydia Hortélio, com sua graça e leveza, marca também o momento em que as brincadeiras e a importância do brincar entra definitivamente em nossa história. Lydia nos encantou. Faz palestra falando da “Cultura da Infância” e também uma oficina deliciosa nos mostrando sua pesquisa de toda uma vida: ” Música Tradicional da infância no Brasil: seu significado e importância”. 

Uma lembrança deliciosa deste dia: Voltando de uma entrevista na Rádio UEL, Lydia observava, com curiosidade, a cidade. Falamos que Londrina era nova, estava completando 85 anos, naquele ano. E então ela fala: “Nossa, enquanto eu cresci, vocês fizeram tudo isso?”

Outra presença forte do universo brincante nesta edição foi o famoso e querido Chico dos Bonecos com suas histórias, cantorias, brincadeiras com as palavras e sua mirabolante coleção de Jabolôs. Foi uma manhã de sábado deliciosa, com a Biblioteca Pública cheia de famílias, pais, mães, tias, tios, avós, avôs, crianças. Todos se divertindo e curtindo muito a manhã na biblioteca. 

E aqui aproveitamos pra registrar mais uma perda em termos de espaços e acesso à cultura. Hoje, não podemos mais fazer as atividades de sábado na Biblioteca Pública, como sempre fizemos. Simplesmente porque as bibliotecas estão fechadas nos sábados de manhã, o único dia em que podíamos fazer essa atividade, levando em conta que a maioria dos adultos trabalha durante a semana. 

Juntamos amigos no meio do caminho!

E é muito bom olhar pra trás e ver que seguimos amealhando amigos ao longo dos anos. Cinthia Siqueira é de Ourinhos, pertinho da gente. Vira e mexe, tá por aqui. A Cia. Arte Negus não é de pertinho, mas já voltou também. Gislaine Tenório, Fio da Meada, Famíglia Coisa fina, Edna Aguiar, Meire Valin, todos eles seguem conosco. E têm duas figuras que entram na 4ª edição para nunca mais sair, Josiane Geroldi e Rafael de Barros. 

Josiane apresentou o seu lindo espetáculo “Esticando as canelas – contos para enganar a morte” com contos populares da tradição oral brasileira que falam sobre a hora de esticar as canelas, abotoar o paletó, entregar a rapadura e bater as botas. 

Rafael de Barros nos encantou com “Prosa de Chico”, reunião de cordéis de Chico Pedrosa. Os dois artistas voltaram outras vezes e hoje fazem parte da equipe que realiza o projeto de circulação do ECOH por cidades pequenas do norte do Paraná. 

Kiara Terra e sua História Aberta volta a Londrina. E mais uma vez, nos surpreende. Este ano, resolvemos levar a Kiara para o União da Vitória, um dos bairros com um dos menores IDH de Londrina. E lá fomos nós, com tudo organizado para realizar a apresentação no Viva Vida. 

Para nossa tristeza, não apareceu quase ninguém, apesar do nosso esforço de divulgação. Mas foi aí que a Kiara nos surpreendeu. Desânimo? Parece que isso não faz parte do vocabulário dela. Pusemos a caixa com o microfone no carro e saímos pelo bairro. Ela ainda descia do carro e batia de porta em porta, convidando todo mundo para vir ouvir a história. E Valeu a pena! Aos pouquinhos as pessoas começaram a chegar. Não lotou, mas tivemos ouvidos ávidos naquele dia. 

Para completar, vieram também pessoas de Arapongas, fãs da artista. Foi um dia de muitos aprendizados para nós. No dia seguinte, tínhamos cerca de 300 pessoas para assisti-la na Praça do Monumento à Bíblia. Foi um dia muito especial. 

Fotos: Valéria Félix