11º ECOH terá apresentações presenciais entre os dias 6 e 19 de agosto. Atividades de formação em narrativa oral vão até setembro em formato online.
Já está disponível no site do ECOH (Encontro de Contadores de Histórias de Londrina) toda a programação da 11ª edição. Após dois anos sem apresentações presenciais por causa da pandemia, os narradores voltam a se encontrar com o público, olho no olho, em escolas, teatros e praças.
Entre 6 e 19 de agosto serão 38 apresentações gratuitas, 16 em espaços abertos ao público em geral e as outras dentro de escolas da rede municipal de ensino, como já é tradição no festival.
As atividades de formação, voltadas para contadores de histórias, professores e demais interessados na arte da narrativa oral, serão realizadas pela internet, entre 20 de agosto e 10 de setembro. Estão programadas uma palestra e 4 oficinas virtuais.
O desejo está expresso no manifesto divulgado pela organização do evento.
“A cultura Maori ensina que nos tornamos mais resistentes ao conectar nossas raízes com as raízes dos outros, assim como fazem algumas espécies de árvores. O caminho para o sonho coletivo é o resgate do melhor de nossa ancestralidade, como nos lembra o neurocientista Sidarta Ribeiro. Temos muito a aprender com pajés e xamãs de todas as tradições, cientistas de todas as linhas, mestras e mestres de saber popular, artistas de todas as vertentes, inventores de todas as áreas. Ailton Krenak, por exemplo, nos diz que “o futuro é ancestral”. Com toda essa inspiração, o 11º ECOH brota como um convite para celebrarmos a vida, os encontros, as nossas histórias. Um convite para honrarmos nossa ancestralidade e reforçarmos os laços de cooperação.”
(Manifesto 11º ECOH)
Em 2022 o ECOH se reafirma como um espaço democrático, onde a diversidade é a principal marca do repertório oferecido ao público. Diferentes culturas e olhares estarão representados em cena.
O grupo Canastra Real de Salvador (BA) foi o escolhido para a abertura em clima de carnaval no dia 6 de agosto, às 16h, no Aterro do Lago Igapó, com o espetáculo Folia Crianceira, o baile do cancioneiro brincante pra pipocar.
Pipocar é o termo utilizado na Bahia para se referir a quem brinca o carnaval atrás dos trios elétricos sem estar cercado por cordas, como acontece nos blocos.
José Rêgo (Pinduka), pesquisador e brincante do Canastra Real, revela que a intenção do grupo é empolgar crianças e adultos criando um momento de alegria, descontração e movimento.
“Folia Crianceira” é um baile-espetáculo que convida todo mundo a ser pipoca, a pular a partir do calor humano e a respostar somaticamente à música com movimentos próprios, pessoais e intransferíveis. Quiçá, quem participar de nosso baile, possa durar e sair dele em estado de traquinagem, com o riso em riste.”
Além do grupo baiano, o ECOH traz Kiara Terra (Braga, Portugal), Paulo Federal (São Paulo, SP), Giuliano Tierno (São Paulo, SP), Grupo Manuí (Sorocaba, SP), Camila Genaro (Santos, SP), Natali Felix (Osasco, SP), Rafael de Barros (SP) Cia. Solo (Rio de Janeiro, RJ); Daniella D`Andrea (Niterói, RJ); e Cia Som de Vento (Joinville, SC).
De Londrina participam Cia. Andanças das Histórias, Cia Zoom, CLAC, Dani Fioruci, Edna Aguiar, Fio da Meada e Gilza Santos.
A paulista Kiara Terra, autora de livros infantis e uma das contadoras mais atuantes do país, participa do ECOH desde a primeira edição. Neste ano ela apresenta a história Niangara Shena Zinbabwe, parte do ciclo Decolonizando Olhares, Histórias para lembrar mundos, dia 13 de agosto (sábado), a partir das 11h, em frente à Vila Cultural Alma Brasil (R. Argentina, 693, Vila Larsen 1).
O projeto nasceu em Portugal onde a narradora está cursando doutorado na Universidade do Minho.
“É um espetáculo que traz muito das minhas inquietações atuais, dos estudos decoloniais do doutorado e também por conta desse momento histórico que o Brasil está vivendo, das lutas que eu tenho acompanhado. A luta antirracista, do movimento negro, a luta feminista e a luta pela vida das populações indígenas. Eu me aproximei muito desses grupos e de suas perguntas. Nesses anos de Portugal eu me sinto ainda mais brasileira no sentido de aprofundar raízes, de ver de uma outra perspectiva a minha origem e as conexões que essa origem gerou. É um espetáculo que traz perguntas sobre isso, de artista mesmo, de pesquisadora. Nesses quase 25 anos contando histórias, quais são as escolhas que eu fiz, que eu tenho feito e quais escolhas eu faço a partir de agora.”
Patrícia Maia, da Cia Zoom de Londrina, já completou 27 anos de carreira. Filha de professora, lembra que desde criança contava histórias usando bonecos. A narração foi o meio que ela escolheu para se conectar consigo e com os outros.
“Ao contar uma história eu aprendo também a arte da escuta. Aprendo a perceber o outro, a me conectar com o outro. Aprendo a ser sensível ao outro, mas também a mim mesma, a me perceber, a refletir sobre minhas atitudes, pensamentos e percepções. Aprendo sobre mim e sobre o outro. As histórias me levam para esse lugar de conhecimento e reflexão, de sensibilidade e empatia.”
Ao lado de sua irmã, Renata Maia, Patrícia apresentará nesta edição do ECOH O tapete de pele de tigre e outras histórias em escolas públicas da cidade.
A maior parte das atrações do ECOH têm indicação de faixa etária livre. A exceção é a narrativa artística A Arte de Governar a Si Mesmo, com Daniella D’Andrea, do Rio de Janeiro, marcada para dia 9 (terça-feira), na Casa de Cultura da UEL – Divisão de Artes Cênicas (Av. Celso Garcia Cid, 205, Centro).
A atriz e narradora, com mais de 20 anos de experiência nas áreas de educação, arte e cultura, conta que concebeu o espetáculo em parceria com o também narrador Warley Goulart, a partir de um processo reflexivo sobre a palavra governo.
“O que é uma boa governança ou um governo? Qual é o processo de aprendizagem para se chegar a uma noção de governo que seja sábia, que seja harmônica, que seja positiva de alguma forma. Quais são os dilemas ou as dificuldades, os entraves que fazem a gente se desviar disso. É tanto sobre o bom governo de dentro da gente quanto sobre o bom governo fora da gente.”
Também é para adultos o encontro com Giuliano Tierno, doutor em Artes, contador e pesquisador paulista, fundador do espaço de arte e cultura A Casa Tombada. Des-cansarmos em tempos de guerras: afirmar o conto, suspender o discurso é um convite a refletir sobre como o discurso e o cansaço diminuem a capacidade de agir e, por outro lado, como contar e ouvir histórias pode fortalecer e alegrar as pessoas. O encontro será no dia 17 de agosto (quarta-feira), no Sesc Cadeião (Rua Sergipe, 52, Centro).
Com a presença de narradores, autores e pesquisadores de grande reputação, o ECOH se firma como uma escola para artistas da narrativa oral, educadores e outros interessados nessa forma de comunicação.
A organização optou por manter as atividades de formação online a partir do aprendizado com encontros virtuais na pandemia. “Acreditamos que assim podemos dar oportunidade de participação a um número maior de interessados e assim reunimos pessoas de diversos sotaques, o que enriquece a experiência”, explica Claudia Silva, coordenadora do ECOH.
Como conversar histórias e formas de comunicação lenta fazem parte do conteúdo da oficina Contar histórias, corpo e memória: desaceleração e proximidade (20 e 27 de agosto/ 3 e 10 de setembro).
A condução é de Leticia Liesenfeld, de São Paulo, atriz, contadora de histórias e professora. Doutoranda no programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade de Brasília. Mestre em Comunicação e Artes pela Universidade Nova de Lisboa, Licenciada em Teatro pela Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa e Bacharel em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A escritora peruana/ brasileira Gloria Kirinus radicada em Curitiba, autora de 37 livros, professora, pesquisadora e narradora, vai ministrar a palestra A Pátria Ampliada nas Narrativas Milenares e na Percepção Infantil (22 de agosto) sobre o poder da comunicação por meio das histórias e o minicurso Os Infinitos de Gaston Bachelard no imaginário do Contador de Histórias (30 e 31 de agosto/ 1 e 2 de setembro) baseado no pensamento do poeta e filósofo francês.
A oficina As palavras como sementes… ou A criação e a destruição do mundo (23 de agosto) é a oportunidade de aprender com Gislayne Matos, de Belo Horizonte. Ela vai tratar da importância dos contadores de histórias no momento atual. Mestra em educação pela Universidade Federal de Minas Gerais, Matos é especialista em Terapia Familiar Sistêmica pela PUC Minas. Na França se formou em Arteterapia pela Université René Descartes – Paris V – Sorbonne e INECAT- Institut National d’Expression, de Création, d’Art et de Thérapie e em Interculturalidade pela Association Interferences Culturelles.
Para o dia 1 de setembro o ECOH programou a oficina Educação Antirracista com Histórias – Um olhar sobre as narrativas em sala de aula, por Giselda Perê. A artista e educadora possui 20 anos de experiência, é Mestra em Arte/Educação pelo Instituto de Artes da Unesp e fundadora do Agbalá Conta – Núcleo de Pesquisa e Narração de Histórias das Culturas Negras em São Paulo. A oficina é dedicada aos professores e professoras do Projeto Palavras Andantes, da Secretaria Municipal de Educação, mas está aberta a todos os interessados. A proposta é refletir sobre quais histórias ouvimos, quais contamos, o perigo da história única, tradição oral e histórias de origem e literatura infantojuvenil.
Lançamento de livro
O 11º ECOH terá ainda o lançamento do livro O Palhaço de Rua – Experiência de um Artista Latino-Americano, de Rafael de Barros. A obra é resultado da pesquisa de mestrado do autor no curso de Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
Barros começou a carreira artística em Londrina antes de se transferir para São Paulo. A partir da sua própria experiência como palhaço de rua e em diálogo com o palhaço argentino Chacovachi, ele descreve o estado de risco que a rua gera na atuação do palhaço.
O lançamento será no dia 13 de agosto (sábado), a partir das 11 horas, na Vila Cultural Alma Brasil (R. Argentina, 693, Vila Larsen 1).
O artista fará uma intervenção cênica e em seguida a narradora Kiara Terra se apresenta.
Ingressos e inscrições 11ª ECOH
A entrada para todas as apresentações é gratuita, mas no caso daquelas programadas para o Teatro AML (Praça 1º de Maio, Centro, em frente à Concha Acústica) e Casa de Cultura da UEL- Divisão de Artes Cênicas (Av. Celso Garcia Cid, 205, Centro) é necessário retirar os ingressos no local a partir de 1 hora antes de cada espetáculo.
O uso de máscara é obrigatório nos ambientes fechados como medida de prevenção e combate ao novo Coronavírus.
Os ingressos para acompanhar as atividades formativas online estão disponíveis na plataforma de eventos sympla.com.br . Para encontrar, basta digitar “ECOH” na aba de busca.
Para as oficinas de Gloria Kirinus e de Letícia Liesenfeld a taxa é de R$30. As demais são gratuitas.
Apoio
O 11° ECOH tem o apoio institucional da Copel – Companhia Paranaense de Energia e é um projeto aprovado pelo Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura (Profice), da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura do Governo do Estado do Paraná.
O projeto conta ainda com o apoio da Casa de Cultura da UEL – Universidade Estadual de Londrina, Sesc Paraná, Espaço AML Cultural, Vila Cultural Alma Brasil e Vila Cultural Casa da Vila.
Programação completa
Entrevistas
Claudia Silva, coordenadora geral: (43) 9 9632-9180
Assessoria de Imprensa
TP1 Comunicação / Christina Mattos (43) 9 9156-9145