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A Circulação do ECOH traz o debate: “O ECOH e as escolas”

A mesa virtual de debates “O ECOH e as escolas” reúne a pesquisadora Sônia Biscaia, mestre em Letras pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Mira Roxo, proprietária da escola Seta – a nossa escolha. Sônia Biscaia fala sobre sua experiência de imersão na 9ª edição do ECOH, quando mais do que assistir a todos os espetáculos, observou o público durante cada um deles, para ver como e o que as histórias geravam nas pessoas. O resultado foi a tese de mestrado “Tecendo afetos: O contador urbano e o arvorecer do ECOH – Encontro de Contadores de Histórias de Londrina”. Mira Roxo participou com seus alunos das dez edições do ECOH e conta como esta experiência reverberou na formação de leitores dentro da escola.

Para o site do ECOH, Sônia Biscaia e Mira Roxo anteciparam um pouco suas falas.

“O Seta é um espaço atemporal e sem fronteiras, lá entraram todas as manifestações culturais existentes no municîpio, que também é a nossa escola. Entre as manifestações culturais que nos conquistaram, existe o ECOH, com o qual há 10 anos, estamos trocando figurinha. O ECOH traz pra gente aquela coisa gostosa da nossa infância. Gente, como eu adorava escutar histórias. E, como eu disse, é uma coisa atemporal. Contação de histórias vem de séculos e séculos atrás, entronizando no corpo e no coração da gente. Como, então, não abraçar o ECOH de uma maneira tão carinhosa, tão amorosa. Várias gerações deste espaço, desta escolha, foram ao teatro, trocar, ouvir, sentir as histórias dos mais variados contadores e das mais variadas maneiras de serem contadas, mas o encantamento é o mesmo. Então, eu posso dizer que o ECOH entrou na nossa vida pela porta da frente e continuará sempre no nosso espaço.” (Mira Roxo)

” Eu acompanhei todos os espetáculos da 9ª edição e gostava muito de observar o público, as reações, as expressões. E nisso há uma energia, um acolhimento, um afeto, que é muito forte. Acho que o mais significativo da minha pesquisa foi poder escutar os contadores de histórias e algumas pessoas do público. Essas entrevistas me forneceram tanto material, tantos olhares, tanta potência. Entrevistei 18 contadores de histórias e algumas perguntas que fiz a eles foram as mesmas, mas nenhuma resposta foi igual, porque, assim como as histórias, não são fechadas em si mesmas. Com o público, foi lindo ver despertar o resgate de histórias e das próprias histórias, após o contato com o ECOH. É um encontro realizado de forma coletiva, que se espalha por tantos bairros da cidade, que ao ocupar o espaço público com palavras, ideias, afetos, histórias, o transforma em um local de produção de cultura, de arte, de celebração da palavra. Sou muito grata ao ECOH, esse contato foi muito além de uma pesquisa acadêmica, são as sementes plantadas de futuros arvoreceres.” (Sônia Biscaia)

Gostou? Não perca, hoje, às 19h30, no Youtube do ECOH.

BIOS

SÔNIA BISCAIA

Mestra em Letras Estudos Literários, pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com pós-graduação em Contação de Histórias e Literatura Infantil e Juvenil, pela Fatum Educação e graduação em Letras pela Universidade da Região de Joinville (UNIVILLE).Trabalhou no Programa Nacional de Incentivo à Leitura (PROLER), atuando em projetos e na organização de eventos na área de leitura, literatura e  contação de histórias. Atuou em projetos de contação de histórias em hospitais, escolas e eventos acadêmicos. Atuou em companhias de teatro de Joinville, com circulação e temporadas de espetáculos teatrais. Trabalhou como professora de Língua Portuguesa e Literatura na educação básica. Realiza pesquisas na área da contação de histórias e de narrativas de tradição oral. 

MIRA ROXO, em suas palavras:

Falar de mim. Ai de mim.
1965 – a cursar a escola “normal” como se tudo fosse anormal. Na época poderia se dizer que sim. Gardenal era o farmaco da época. Servi de Gardenal pra muitas crianças rotuladas. Histórias, argila, brincadeiras, os meios que levaram várias crianças, depois de anos de reprovação acadêmica e, consequentemente, social, a serem aprovadas por si e, consequentemente, pela sociedade.
Desde criança fruidora de histórias contadas pela minha mãe, resgatei a sua importância no trabalho com a meninada.
Depois desse atendimento particular passei a dividir essa emoção em várias escolas da minha cidade natal São Paulo.
Década de 70 – terminei a PUC-SP (Pedagogia, Filosofia, Sociologia e Psicologia da Educação) e fui convidada para fazer o mestrado, mas, como fundei o Centro de Reciclagem Infantil Especializada (C.R.I.E), porque reciclar a infância era preciso, declinei do convite.
No CRIE dividimos trabalho com Regina Machado, lançamos “Teoria e Prática da Educação Artística”, livro de Ana Mae. Difícil, na época, uma escola onde o brincar, prazer, pensar faziam parte do cotidiano.
1978 – Em uma visita a uma família amiga em Londrina, fiquei. Ferviam as iniciativas culturais, participei de todas as atividades culturais como fruidora e a atuar.
1979 -montamos o Seta uma Escola Paralela, resgate das áreas expressivas sufocadas pela ditadura. Pelo pedido de famílias que frequentavam a escola chegamos ao 1° grau (fundamental de hoje).  O art 64 da LDB 5692Q permitia o experimento Pedagógico. Ligia Sokolowiski e eu lutamos para isto acontecer, Surge então a 1ª escola experimental de Londrina. O Seta participou de vários encontros da SBPC com o projeto “A  razão da ação do eu é atua ação” em parceria com a UEL e profissionais Iara, Bira e Janete. Participei de vários congressos internacionais de Arte Educação  (Inglaterra, Portugal, Cuba, e alguns estados do Brasil). Uma Escola sem muros fazendo do município seu espaço pedagógico, sendo o ECOH um afluente da nossa ação. Atualmente, não há escapatória nem um artigo que nos garanta essa linha de trabalho. Voltamos então (Ligia e Eu) à escola paralela, ao Centro Cultural Seta – a nossa escolha, que está à espera de a pandemia passar.

Apoio: Copel Projeto aprovado no Programa Estadual de Fomento e Incentivo à Cultura | PROFICE da Secretaria de Estado da Comunicação Social e da Cultura | Governo do Estado do Paraná

Texto: Erika Pelegrino // Arte: Fernando Ito