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NARRATIVAS NA RUA: DA INSPIRAÇÃO DJELI ÀS RODAS DE HISTÓRIAS EM MACEIÓ – Tese de doutorado de Toni Edson

Resumo:
Essa tese discorre sobre a disciplina eletiva e prática Narrativas na Rua, ministrada no curso técnico em Arte Dramática da Escola Técnica de Artes da Universidade Federal de Alagoas e no curso de Licenciatura em Teatro da mesma universidade. Na disciplina são apresentados princípios de contadores de histórias da África Ocidental, conhecidos como djeli ou djelimuso. Esses contadores fazem parte de uma casta, numa tradição oral secular que passa de geração a geração. Os primeiros e principais expoentes dos djeliw fazem parte da família Kouyaté. Esse estudo abarca discussões sobre oralidade feitas principalmente por uma parte da família Kouyaté proveniente do país chamado Burkina Faso e outros contadores de histórias encontrados no XVIII Festival Internacional de Contadores de Histórias Yeleen, promovido pela família supracitada na cidade de Bobo Diulasso. Este trabalho descreve a prática da tradição oral do djeli, suas funções e atribuições, analisa o discurso de alguns membros da família Kouyaté e do tradicionalista Amadou Hampatê Bâ, além de abordar um processo de intercâmbio realizado pelo autor em Burkina Faso, participando do festival Yeleen em 2014. A contação de histórias para esses “artesãos da palavra” acontecem preferencialmente em espaços abertos. São relacionadas práticas de Teatro de Rua no Brasil com enfoque na Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR) e feito um panorama dessa modalidade teatral e suas possibilidades de inserção em universidades brasileiras, partindo do conceito de Arte Pública e experiência. O plano de ensino da disciplina, sua conjuntura,
cronograma, princípios e exercícios são esmiuçados a fim de se destacar a importância de práticas curriculares em espaços abertos e em diálogo com referenciais africanos de tradição oral. Na tradição oral estudada, parte-se da premissa que é preciso realizar um mergulho profundo em nosso referencial e repertório para poder entender com mais responsabilidade as narrativas de outras culturas. São expostas e colocadas em discussão a prática de sessões de contação de histórias na cidade de Maceió, com contos “alagoanos” e africanos, realizados como processo prático do doutoramento em pelo menos quatro logradouros públicos diferentes, refletindo sobre suas especificidades e contextos.